Estar sozinha na Califórnia podia ser uma tortura ou uma aventura, e eu sabia perfeitamente que isso só dependia de mim. Não era propriamente a Améria que podia apanhar-me de surpresa depois de lá ter vivido durante tantos anos que chegaram ao ponto de me darem marido e filhos. E muito menos os Americanos, que ainda por cima desta vez eram os mesmos que acabavam de reinstalar o Obama na Casa Branca, sendo que ainda por cima eu, agora, rumando como rumava ao Big Sur, estava perfeitamente consciente de que ia viver num dos sítios mais bonitos do Mundo, procurado incessamente como inspiração por comunidades de artistas que descobriram o sítio nas páginas magistrais e certeiras de Steinbeck, e deixaram na sua senda discípulos tão impressionantes como o Miller e o Kérouac.
De qualquer maneira, metia-se pelo meio como autêntica novidade o efeito ambíguo de estar a ver Portugal de longe, e de assim em perspetiva eu começar a seguir a sequência de parvoíces que nos tinham deixado na penúria como se estivesse numa sala de cinema. Na dúvida, não me pus a extrapolar conclusões com ninguém. Nem comigo própria.