" Vi o meu quarto desfeito, as minhas bonecas, os meus brinquedos a derreterem com o calor. Quis chorar mas tinha que chegar ao quarto do meu irmão. Quando cheguei a minha mãe pousou-me o menino nos braços e gritou-me com a sua voz mais destemida para correr para o seu quarto sem olhar para trás. Eu assim fiz, aconcheguei o menino nos meus braços contra as chamas e corri por entre todo aquele fumo negro. Conseguia ouvir a minha mãe a gritar e o meu pai a tentar salvá-la, mas não me atrevi a olhar para trás, quis ser bem comportada e fazer o que me mandaram. Consegui chegar ao quarto e os bombeiros agarraram-nos e tiraram-nos em segurança. Apagaram as chamas mas só restavam cinzas e paredes negras. A desgraça foi enorme, o desespero incomparável. Cheguei perto de Luka e sobre todo aquele terror jurei que o protegeria para o resto da minha vida, que nunca o abandonaria ou deixaria sozinho por muito que me custa-se. E tenho cumprido a promessa. ".