Arold era um dos meninos Pobres, separado dos Ricos por uma vedação, que dividia a sua escola em duas, apesar de a sua metade ser muito menor que a outra. Esta fora a primeira vez que teve conhecimento de que existiam regras e classes sociais. Começou a prestar mais atenção ao funcionamento da escola e como ela era dirigida. Percebeu o porquê daquelas barreiras. Fora-lhe dito que serviam para impedir a mistura de classes, pelo que sentiu na pele, e pela primeira vez, a injustiça da discriminação. Neste momento não lhe interessava ser um dos alvos, tão pouco se importava com a própria razão de ser, no entanto olhava para aqueles professores do outro lado da vedação com uma repulsa que, até então, desconhecia. Os próprios adultos escarneciam dos rapazes e raparigas do outro lado, tentando promover a diferença de classes e criar uma mentalidade de rebaixamento e serviço para com os mais ricos e poderosos. Não era só o pequeno Arold que se encolerizava com tal situação. O seu grupo também não gostava dela, assim como a maior defensora das crianças do seu lado da vedação, a professora Bertl. Talvez por ter nascido e conhecido o País Grande onde não se sentia tamanha diferença, mas vivido no País Pequeno, em que estas estão tão acentuadas que as próprias crianças e os seus pais estejam habituados às mesmas. Mas não iria permitir que naquele lugar assim fosse, não, enquanto pudesse fazer alguma coisa para evitar.