Tinha seis anos. Só sabia contar até trinta. E mal. Mas comecei a perceber que é na vitória que um homem tem mais saudades. Que fica mais sozinho. Somos sempre um pouco do outro de quem gostamos. Ou muito. Deixamos sempre de ser um bocadinho de quem somos quando ficamos sem uma parte do que somos. Morremos, também. Vamo-nos embora. De outra forma. Mas vamos. E assim é que está bem. A dor é para doer. Muito. Tem que ser doída. Da mesma forma que se amava. Quando o amor é muito grande, a dor tem que ser muito grande. São duas montanhas do mesmo tamanho. Não há hipótese. Só se foge ao pelotão de fantasmas nos primeiros metros. Depois eles apanham-nos. Sempre!