Maria do Carmo sem desviar os olhos de Rodolfo e sem lhe soltar as mãos, abriu-se, em voz quase sussurrada: ? Ouve, Rodolfo, tens razão! O meu casamento é uma ilusão! Não existe; não tenho marido, não tenho amor, não tenho nada! Não sou feliz e não amo ninguém! Minto: também te amo! Sim, amo-te! Porque negar? Mas também penso que não devia amar-te e nem sequer devia dizer-to, porque sou uma mulher casada! E, no entanto, amo-te! O Pego das Bruxas foi transformado num lugar de peregrinação. O drama transformou-se em lenda. Muitos jovens, sobretudo os apaixonados, acorrem à beira do Pego onde ficam, em meditação, indiferentes ao tempo, a olhar as águas escuras do fundão, às quais lançam ramos de flores brancas. Provavelmente fascinados com o cenário onde se desenrolou um romance de amor que terminou de forma tão trágica. Os espíritos mais contemplativos juram ouvir, por vezes, um apelo lancinante vindo das profundezas; uma voz de mulher em aflição que, garantem os que a conheciam bem, é de Maria do Carmo. Julgam perceber no grito de socorro um chamamento aflitivo por um nome imperceptível, que ainda ninguém conseguiu decifrar.