?Devia ser por isso que se chamava por deus, que se lhe pediam conselhos e se rogavam por pequenos grandes milagres, como o ser capaz de conceber um filho ou o conseguir o emprego mesmo ao lado da casa. Ele tinha razão; se havia algum momento ideal para contar tudo, para explicar à sua família o motivo que a moveu a ser quem foi, ou quem é, era agora. Já não ouviria as questões, as dúvidas, nem sequer se importaria com o que iriam pensar. Teve a sensação concreta de que era preciso tomar uma diligência sem vacilar; afinal, sempre pensara que o vício era tão inato quanto a virtude. Sim, sem dúvida que a virtude e o vício se confundiam no mesmo plano, tudo fazia parte da vida e o protagonismo que cada um conferia à virtude dependia sempre do protagonismo que cada um queria dar ao vício. Era assim uma caminhada perfeita, em princípio.?