As transformações socioeconómicas ocorridas na sociedade portuguesa nas últimas décadas, acompanhando os processos de modernização dos restantes países europeus, manifestaram-se também ao nível do sistema educativo. Procurou-se democratizar o ensino, diminuir as taxas de analfabetismo e de abandono escolar e promover um aumento de qualificações da população ativa. No entanto, Portugal chega ao séc. XXI com níveis de escolarização da população baixos. As políticas de educação de adultos desenvolveram-se por caminhos sinuosos e à mercê das várias tendências governativas. A partir de uma investigação etnobiográfica, analisaram-se seis trajetórias de vida de pessoas que ingressaram no ensino superior com mais de 30 anos de idade, através das provas Maiores de 23 anos (M23). O leitor encontrará nesta obra um contributo antropológico acerca dos efeitos da escola nos indivíduos, avaliando a importância dada aos processos escolares, aos contextos de aprendizagem, à transmissão e/ou aquisição cultural, à importância da escrita e da cultura escolar enquanto produto do conhecimento nos ciclos de vida, nos projetos e nas metamorfoses identitárias de seis pessoas.