?Já estava anoitecendo quando os oito voltaram a focalizar o interior da ânfora cristalina. Tinha voltado a chover e não era uma chuvinha à toa. Pingos grossos e abundantes penetravam pela janela no alto e trovões enfurecidos faziam a terra tremer, anunciando mais um temporal na chapada. Voltar à vila agora, no meio da chuva forte, não parecia ser a melhor coisa a fazer. Nenhum dos oito queria arriscar ser arrastado em uma enxurrada, soterrado em um deslizamento de terra ou abalroado por uma árvore desenraizada. Ficariam na caverna, bem abrigados do vento e da chuva, aguardando a tempestade passar ou pelo menos abrandar. Muito em breve, a noite cairia de vez e, mesmo sendo lua cheia, o breu seria completo por conta do céu encoberto com nuvens espessas. (...) O barulho da chuva forte e os estrondos que cruzavam os céus reverberavam nas paredes rochosas, ganhando proporções ensurdecedoras. Parecia que estavam dentro de um tambor ou mesmo de um amplificador de som! Não dava mais para conversar ou mesmo ouvir o colega ao lado. E a chuvarada descia como uma torrente pela janela da caverna, lavando vigorosamente as paredes da ânfora azul, de onde brotavam inúmeros filetes de água que iam desaguar no poço. Este último já tinha transbordado e o nível de água continuava subindo a olhos vistos. Estavam todos ensopados e, em breve, a Morada do Altíssimo estaria completamente alagada. Não parecia mais tão seguro permanecer naquela galeria subterrânea por muito mais tempo.?