Durante mais de dez anos procurei publicar o meu primeiro livro. Aquele que escrevi ao longo de toda a minha vida. O primeiro a ser registado. No entanto, tenho de reconhecer que todos os meus esforços fracassaram. Depois de tantos anos e completamente desiludida, desisti de o publicar. Com dois livros registados no I.G.A.C., um conto infantil escrito, um livro de crónicas e um outro, que não está ainda terminado, eu acreditava que se tinha de publicar seria sempre pelo princípio. Depois da decisão de não o fazer, uma onda de criatividade e vontade inundou-me de maneira indescritível. Nem sequer foram os poemas que eu mais amei. Nem sequer foram os mais trabalhados, mas eu deixei-os ficar como eles apareceram e foram escritos. Muitas vezes em guardanapos de papel. Alguns em papel da máquina de comprovativo de entrega da lavandaria onde trabalhava. Tive momentos em que escrevi nas casas de banho e claro que o papel era o que existia. Alguns foram escritos com o carro parado na beira da estrada. Alucinadamente, as palavras entraram e saíram de mim, como plantas de um viveiro para transplantar. Da mesma maneira que as palavras me inundavam, também a minha vida se desenvolvia e conspirava para a concretização da publicação deste livro, que eu percebi imediatamente ter de ser o primeiro. Não poderia ter outro título. ?Viveiro de Palavras? é o livro que a vida me deu em semente e que eu espero ver crescer e florescer nas mentes e nos vossos corações de quem o ler.