Lágrimas e sorrisos. Castigo e perdão. Amor e ódio. Sexo e solidão. Violência e afeto. Juventude e velhice. Pobreza e riqueza. Ordem e caos. Vida e morte. Tudo isso se encontra presente nas páginas deste livro, toda a paleta de cores da espécie humana, narrada com uma das mais impressionantes e variadas linguagens já escritas. O verso e a prosa de "Um Hino ao Vazio" caminham por todo o universo da palavra, desde o solo poeirento da conversa comum do dia a dia até os mais altos picos nebulosos da fantasia metafórica. A obra se passa na mística e lendária Bagdá das Mil e Uma Noites. Somos apresentados a califas ricos e poderosos; a sedutoras cortesãs em haréns de prazer; a divertidos e cômicos eunucos; a gênios bizarros e sua legião de espíritos e demônios; a jovens músicos espirituosos que tocam cítaras em troca de bebida e pão; a mulheres fortes e independentes que recusam-se a receber ordens e a depender de quem quer que seja; a prestigiosos monarcas mundiais e também a simples criados, garçons, bêbados, soldados, prostitutas, criadores de cavalos e atores de teatro. Toda a humanidade, em seus defeitos e qualidades; o homem como besta e como anjo. O principal personagem da obra, porém, é o deserto: o infinito oceano de vento, areia e estrelas que circunda Bagdá. A obra toda é um cântico, em muitas vozes, dedicado à imensidão do nada e do pó, para onde todas as gerações marcham, onde todas as vozes, sonhos e desejos por fim convergem. Todo o barulho e caos dos maravilhosos versos e metáforas por fim aninha-se no vácuo, deságua no nada. As vidas e as palavras aqui acumuladas são, portanto, um tímido e humilde hino ao vazio.