Desde que me lembre, entre a infância, a adolescência e a idade adulta, tive sempre uma necessidade de viver o Amor numa escrita que roça a sensualidade, sedução e fantasia. É o tema no qual aqui me debruço com avidez num trepidar de dedos sedentos de escrever, famintos de letras, que vestem a paixão, o desejo, o sentir, a excitação de um encontro entre pontuações, entre vírgulas, tudo feito de maneira a que haja entre a folha, a caneta, a imaginação e as frases, uma espécie de acasalamento. Sou a favor e reivindico a pornografia através de poemas, através de versos, a partir de 2011. Poemas feitos em francês passam para a língua portuguesa. Foi desde então, que numa espiral, a escrita, começou a viajar mais num registo que veste o erotismo. O provar a língua portuguesa em escrita foi um mecanismo agradável e fulgurante de voltar às raízes, as quais, por razões diversas, tinham sido um pouco ocultadas. Neste livro como em outros, a viagem entre sedução, prazer, palavras nuas e cruas, criam o prato principal nesse menu do Amar. Saltito várias vezes desse registo a um outro, mais negro, onde se desenham escuridões, passeios entre o além e pesar da alma que soluça. A necessidade de transitar, deambular entre estes dois registos, é como que um alimento, uma reviravolta, um eletrochoque. Provocações de uma imaginação deambulando por memórias de tantas vidas.