Esta é uma história sobre a importância do outro. Os destinos cruzados deste romance iluminam o modo como as nossas relações, encontros, criações e circunstâncias formam a nossa identidade, nos fazem crescer e nos permitem, um dia, percebendo que a porta da nossa gaiola está aberta, abrir as asas e, sem recear a liberdade, conquistar um pouco de céu.
«Não existe mentira na literatura, na ficção, e, digo-lhe mais, não existe verdade na vida real.»
Durante a segunda guerra mundial, em Dresden, um rapaz judeu chamado Isaac esconde-se na cave de uma loja de pássaros. Sobrevivendo às toneladas de bombas que caem sobre a cidade, Isaac Dresner construirá a sua vida à volta dos livros, recuperará histórias e fará nascer outras. Mostra assim como acontecimentos fortuitos, inusitados ou insignificantes - entre eles, a existência da boneca de Kokoschka - são tão cruciais para tecer os nossos destinos quanto aqueles que, pela imponência, julgamos serem os únicos fundamentais.
«Numa loja de pássaros é onde se concentram mais gaiolas. Não há lugar nenhum no mundo construído com tantas restrições como uma loja de pássaros. São gaiolas por todo o lado. E algumas estão dentro dos pássaros e não por fora, como as pessoas imaginam. Porque Bonifaz Vogel, muitas vezes, abrira as portas das gaiolas sem que os canários fugissem.
Os pássaros ficavam encolhidos a um canto, tentando evitar olhar para aquela porta aberta, desviavam os olhos da liberdade, que é uma das portas mais assustadoras. Só se sentiam livres dentro de uma prisão. A gaiola estava dentro deles.
A outra, a de metal ou madeira, era apenas uma metáfora.»
Sobre A boneca de Kokoschka:
«Como um mestre joalheiro, Afonso Cruz conseguiu, em A boneca de Kokoschka, uma peça de arte e a proeza de, em cada página, nos oferecer pérolas perfeitas.»
Pedro Justino Alves, Diário Digital
«Uma estrutura magnífica de inventividade estética.»
Miguel Real, Jornal de Letras, Artes e Ideias
«Um delirante e muito sensato exercício da imaginação e do virtuosismo em volta da relação fun(da)cional entre o Eu e o Outro.»
Eugenio Fuentes, La Nueva España